27 abril 2007

CASA DA MOEDA - Lenda ou realidade?

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Um belo e imponente conjunto arquitetônico foi construído entre os anos de 1858 e 1868 defronte à Praça da República. Era então Ministro da Fazenda, João Rodrigues Torres, o Visconde de Itaboraí, e ali seria a nova sede da CASA DA MOEDA DO BRASIL. Até aí nada demais, não fosse o artigo que li há muitos anos no Jornal do Brasil, cujo recorte, como de hábito, deve ter sumido, e ainda que escaneado provavelmente foi deletado involuntariamente numa “vassourada” qualquer.

Mas vamos lá. O artigo contava que o projeto da CASA DA MOEDA fora encomendado a um arquiteto brasileiro que, por ter estudado em Paris, pediu a um seu colega francês que colaborasse ou mesmo realizasse aquele trabalho. Acontece que na mesma ocasião esse seu amigo francês estava colaborando na idealização do prédio que seria a sede do governo chileno, também por encomenda. Comunicações arcaicas fizeram com que o projeto da nossa CASA DA MOEDA fosse parar no Chile, e o da sede do governo chileno, no Rio de Janeiro. A troca não foi descoberta a tempo, e o cronograma de obras foi cumprido normalmente, tanto no Rio quanto em Santiago.

Acrescenta o artigo, que este fato, embora negado, é verdadeiro. E citam como provas: a nossa CASA DA MOEDA, que devia estar aqui, mas estava construída no Chile, teve de ser adaptada para servir de moradia ao governo de Santiago, pois na realidade era uma fábrica, sem conforto, nada residencial. Só não mudaram o nome: PALACIO DE LA MONEDA... E o “nosso palácio do governo chileno”, embora também adaptado foi obrigado a manter o seu luxo, a sua suntuosidade, como escadas de mármores caríssimos, aposentos confortáveis, vitreaux importados, grandes colunas trabalhadas, jardins com palmeiras, enfim, um luxo nada condizente com aquilo que deveria ser apenas uma “fábrica de moedas”... Esta é a história que li. Mas, na verdade, isto deve ser apenas lenda, pois o Palacio de la Moneda, no Chile, teria este nome em virtude de ali ter sido realmente uma antiga fábrica de moedas.

Encerrando: certa vez, num programa de debates da TV-E no qual participavam engenheiros e arquitetos, pois o tema era tombamento de prédios antigos do Rio, perguntei a um dos componentes do programa se aquilo era verdade, mas não obtive uma resposta objetiva. Acho que não entenderam a minha pergunta, pois apenas indicaram-me um local onde eu poderia consultar as plantas originais dos prédios antigos. Desisti.
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Foto/d Adelino P. Silva
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10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Muito curiosa essa história.

sábado, abril 28, 2007 7:19:00 AM  
Blogger valter ferraz said...

Adelino, acho que onde tem fumaça há fogo, então não é de todo impossível a estória. Mas pensando bem será que não tinham nenhum supervisor de obras na época?(olha eu puxando pro meu lado!)
Outra coisa: dinheiro farto dá nisso, né?(principalmente dinheiro público, ou seja nosso).
De qualquer forma a arquitetura é bonita e mostra coerência com a estória, pois tem traços dos grandes arquitetos maçonicos. Pode ser tudo verdade.
Um abraço forte

sábado, abril 28, 2007 10:50:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Eduardo, a história é realmente muito curiosa e intrigante.
Abraços

sábado, abril 28, 2007 10:34:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Valter, pela lentidão com que as coisas andavam naquela época, é bem provável mesmo que tenha acontecido e "abafado". O mais estranho é que isso foi publicado num grande jornal, e ninguém se manifestou sobre ele. Quanto ao símbolo maçônico (o triângulo) ele é comum em todos os prédios oficiais da época.
Abraços e bom final de semana.

sábado, abril 28, 2007 10:39:00 PM  
Blogger Jorge Sampaio said...

Isso é estória, e não história. Não tem fundamento. O Prédio em Santiago "Palácio de La Moneda" foi construido no fim do século dezoito e início do dezenove, mais precisamente entre 1798 e 1812, e foi mesmo projetado, por um italiano residente no Chile, para ser a casa da moeda deste país. Acabou se tornando a sede do governo. Já o prédio da casa da moeda do Brasil foi construido entre 1853 e 1868, projetado por Teodoro de Oliveira e Antonio Francisco Guimarães Pinheiro, brasileiros, sendo atualmente a sede do Arquivo Nacional. O intervalo de mais de 50 anos entre as construções dos dois prédios não deixaria muito espaço para erros.

sexta-feira, janeiro 18, 2013 9:54:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

É lenda.
Leiam esse artigo do jornalista Ariel Palacios:
http://blogs.estadao.com.br/ariel-palacios/a-troca-de-projetos-que-nunca-ocorreu/

quinta-feira, março 14, 2013 11:40:00 AM  
Anonymous Sérgio Marques said...

Conhecia essa estória há anos.Tive um professor de História no Ginásio que possuía recortes de jornais antigos que confirmavam a veracidade da coisa. É só olhar para um e para outro que se entende o que ocorreu. Ou, então, foi pior ainda: construíram um prédio industrial com uma suntuosidade tal que beira o ridículo, mesmo no Brasil...

segunda-feira, julho 01, 2013 9:32:00 PM  
Blogger Adelino P. Silva said...

Jorge Sampaio, deve mesmo ser lenda, estória e não história. Aliás, uma boa estória. Todavia, sempre que passo por aquele belo edifício ali no Campo de Santana fico meio desconfiado, tal a beleza daquela construção.
Um abraço

sexta-feira, fevereiro 27, 2015 10:03:00 PM  
Blogger Adelino P. Silva said...

Caro Anônimo, a matéria do JB falando do caso tem mais ou menos uns 25 anos. De lá para cá muitas informações novas vieram à tona.
De qualquer forma, quem inventou essa estória teve muita criatividade.
Um abraço

sexta-feira, fevereiro 27, 2015 10:05:00 PM  
Blogger Adelino P. Silva said...

Sérgio Marques, quem sabe a "mancada" foi tão grande, que tiveram de - como disse o Valter - "abafar" o caso.
Desse fato podemos tirar algumas conclusões curiosas. Se temos ou pairam dúvidas e controvérsias sobre um acontecimento tão recente, o que se dirá de fatos acontecidos há mais de 1000 anos? Quantas distorções e interpretações dúbias não devem conter?
Um abraço

sexta-feira, fevereiro 27, 2015 10:10:00 PM  

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